Feriado prolongado em Tatong – 03/nov
Um amigo do Michael nos emprestou a chave da fazenda de “gum trees” (espécie nativa de árvore), onde o natureza mais selvagem vem prosperando já que as árvores plantadas nunca foram cortadas. Vi muitos pássaros diferentes e coloridos, por volta de cem cangurus e uma cobra marrom que compartilhava a mesma casa sem que ninguém soubesse. E senti uma paz indescritível…
O alojamento. Um galpão/casa auto-sustentável erguido numa clareira. Simples e confortável, dois quartos, sala, cozinha, espaço pra ferramentas. Ops, faltou o banheiro! Só pia e chuveiro. Para números 1 e 2 ou é “ao natural”, o matinho, ou tem uma pequena cabine com vaso sanitário há 30 m do alojamento. Imagina: madrugada, sair pra fazer xixi num frio de lascar. Mas… até isso é o máximo!
Acordar cedo, café da manhã feito na fogueira: salsicha alemã, pão na chapa esfumaçado, catchup, cenoura ralada e uma taça de vinho ou café.
Depois, caminhada e a expectativa de encontrar os cangurus. É como nos contos de fadas, eles aparecem longe, ficam te olhando imóveis e depois saem correndo, desaparecem. É mágico. São grupos de 3, 10, 20 às vezes 30 ou mais. Provavelmente vimos 100 cangurus no último dia. Coisa mais linda. Tentei fotografar, mas a câmera não tem alcance de distância suficiente, então exercitem a imaginação.
Essa sou eu, na foto com uma redinha na cabeça, redinha ante-mosquitos. Na outra foto são eles pegando carona nas costas do Michael. Isso acontece quando cansam de tirar nossa paz. E tem a outra, sou eu também, apelando pra ignorância.
Cortar lenha caída no chão é trabalho de todo dia. A caminhonete e a carretinha carregadas vieram pra casa em Mornington, e usamos madeira na fazenda também. Tentei ajudar no que pude, carregando ferramenta, medindo corte, dirigindo o carro e carregando a lenha cortada até o carro. Dá uma fome…
Era uma vez um canguru feliz que ficou enroscado na cerca. Inimaginável o sofrimento dessa criatura até morrer… E duas outras vítimas, provavelmente as ovelhas que ficaram selvagens, perdidas na área, e foram atacadas por raposas. Final feliz para raposas, pássaros carnívoros e vermes. Tudo tem dois lados.


Por fim algumas fotos com um olhar para as coisas rasteiras, as que a gente pisa sem dar atenção, e troncos mortos, cheios de vida. Esse é o interior da Austrália, cheio de fazendas de gado, gum trees, cangurus e espaços vazios de gente . Eu não me sentia assim desde criança, quando ia para o sítio de um vizinho com meu pai e irmãos. Senti uma paz imensa. E estava dividindo tudo isso com alguém muito importante na minha vida. Descobri que gostamos demais desse mundo sossegado, longe de tudo que faz barulho nas cidades. A vida simples sempre me encantou.


















Miga, ao ler seu blog, escutei sua voz narrando cada detalhe e consegui sentir a paz . Viva a vida. Bjs
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