THE WALL – Berlim

Hoje o muro. Continuamos a construí-los. A estupidez humana tem pouco limite, já o limite da memória é evidente. O Muro de Berlim tem um fim, afinal. Ele fala de uma história que não deve ser repetida mas, parece que boa parte das pessoas desse mundo tem problema de surdez.

Hoje, os EUA separam as crianças de seus pais refugiados e as trancam em jaulas. O grafite sobre o painel abaixo foi uma intervenção artística pontual, ainda que controversa. Na minha opinião está valendo! FUCK DONALD TRUMP!

No que as pessoas pensam quando passam por essa calçada? Fotos? Selfies? Alguma dor por separação? Bonito? Elas fazem perguntas a si mesmas? 20180628_090519.jpg

Eu me fiz algumas perguntas. Por exemplo, eu deveria estar sorrindo na foto, nesse lugar? Não parece patético?

Outra pergunta: O que o Elvis e a Juliette Binoche estão fazendo lá? Amo os dois, mas não entendi…

A arte imita a vida. O carro fôfo em 3D rompe o muro.

E a vida imita a arte do lado oposto ao muro. O carro fôfo de verdade em frente a um painel de verdade. Livre para ir e voltar.

A bike fez a intervenção dela. Integrada ao grafite, parece que o difarce camuflado foi feito de caso pensado. Deve servir para confundir ladrão de bicicleta.

E tem o beijo mais famoso do muro em close-up. Talvez os dois líderes vermelhos tenham se empolgado um pouco no encontro. Quem dera fosse esse, um beijo de amor!

Mais beijo. Mas se você é observador, vai reparar o que tem sob os pés do casal. O amor pode cegar, pode causar indiferença a tudo que não está preso no seu mundimho de bolha de sabão.

Os clássicos cadeados dos enamorados siginificam o que? Ficar preso um ao outro? Não acho saudável.

No meio da visita veio o Hino da (nossa) Proclamação da República: “Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós, nas lutas, nas tempestades, para que ouçamos sua voz.” Acho que é isso. E tem gente inocente pedindo intervenção militar. Triste ignorância do nosso país.

Um olhar para o lado oposto ao muro, East Side. Muitos edifícios, poucos são antigos. Quase tudo coberto por andaimes, em reforma. Parece que esse lado tem um querer que é o de esconder debaixo do cimento as vergonhas.

Uma emoção, uma surpresa. Quando cheguei ali por acaso comecei a trocar mensagem com um amigo alemão. Ele disse que a mãe tinha pintado um painel no muro. Pedi para ele mandar uma foto ou descrever. Ele não tinha foto e era difícil descrever o desenho, mas enviou a frase em alemão, a mesma que colocou na lápide da mãe. Enquqnto percorria o muro procurava identificar as palavras. Achei! Mandei a foto. Foi muito especial. Emocionante dividir isso com ele. Não vou identificar o painel, é muito pessoal. Não é esse aí debaixo.

Esse muro infame separou famílias, amigos, amores. Muitos morreram tentando mudar de lado. Tudo por uma divisão mesquinha de líderes de quatro países que simplesmente determinaram o destino daquela gente, com a maior desumanidade do mundo. Acabou esse muro aqui, esse caiu, mas há tanto trabalho de demolição pela frente…

Hora de descanso antes de voltar para casa. Um cantor afinado descolado do muro, mas ali pertinho, ao lado do canal. Gente de várias partes do mundo misturadas para assistir. Assim é que deve ser. Paz!

Caminho de volta. Feliz por ter caminhado nessas calçadas onde ainda tem um pedaço de construção tão cheia de significados. Essa foi minha leitura, que é feito impressão digital, única, que valeu para esse dia de sol. Se passar novamente por lá, num dia de chuva e frio, talvez seja um tanto diferente.

Fim de muro! “We don’t need no education, we don’t need thought control… Hey! Teachers, leave the kids alone. All in all you are another brick in the wall” Pink Floyd.

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5 comentários sobre “THE WALL – Berlim

  1. Sim, prima, bárbaro! Adoro grafites, eles dizem muito! Mas aqui em Sampa o ex prefeito não pensa assim não! E como canta Marisa Monte “Apagaram tudo, pintaram tudo de cinza, só ficou no muro tristeza e tinta fresca…. Por isso eu pergunto, a você no mundo se é mais inteligente o livro ou a sabedoria…..”

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  2. Fantástico texto. O muro de Berlim conta uma história sobre o que a História não deve ser e por vezes parece mesmo que gostamos de ser cegos, surdos e mudos. Felizmente, há quem dê voz ao muro! 🙂

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