Foi em 5 de junho, 24 km andando feliz debaixo de chuva feito criança, dia em que cheguei na frente da catedral e me perguntei: “Eu não vou chorar? É isso?”. Então veio a foto clássica (acima) e a outra não tão clássica, que não postei aqui, brindando com cerveja, e o abraço emocionado dos amigos que chegaram juntos debaixo de chuva e frio.
Abaixo estão meus filhos, família, amigos. Foi quando mandei a foto da chegada e pude trocar mensagens com eles, é que desabei, chorei de alegria, sob uma emoção das mais fortes que senti na minha vida.
Faltou a Lu na foto, minha filha do meio que está na Alemanha, mas em alguns dias vou encontrá-la em Berlim
Eu também não imaginava o quanto o caminho poderia potencializar os sentimentos e os laços entre pessoas completamente desconhecidas, vindas de várias partes do mundo, transportadas para esse universo peregrino orientado por flechas e conchas. Depois conto alguns “causos”. Hoje só homenagens. Esses na foto abaixo serão inesquecíveis.
Também as nossas fraquezas são potencializadas. As longas horas de caminhada, durante semanas, nos conduzem a algumas estradas pedregosas, lamacentas, ingrimes, escuras, perdidas, frias, e você se pergunta por que está se sujeitando a essa peregrinação desgraçada, que parece sem fim, com dor sentida no corpo, com dor sentida na alma. Mas, em contrapartida, o caminho proporciona algo precioso, o tempo para desfazer esse nó que dá no estômago, as bolhas curam, o sol aparece de novo, a estrada fica verde e cheia de flor. Depois das várias “digestões” comecei a me sentir mais segura e mais leve pra enfrentar os dias de tempestade.
“Bom caminho” é o o que se diz e se ouve em todo o trajeto. Bom caminho… Onde é que chegamos depois dele?